Promotor e Tenente Coronel da PM batem boca na Assembléia.

Durante reunião da Comissão de Direitos Humanos, integrante do MP deu voz de prisão para policial, que imediatamente devolveu a ordem.Uma confusão ontem durante uma audiência pública na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) quase termina na prisão de duas autoridades. Durante uma audiência pública, um promotor deu voz de prisão a um tenente-coronel da PM, que imediatamente devolveu a ordem. A reunião foi organizada pela Comissão de Direitos Humanos para discutir a denúncia de que policiais militares teriam espancado uma dona de casa. As autoridades envolvidas eram o tenente-coronel da PM e presidente de associação da categoria Domingos Sávio de Mendonça e o promotor Spencer dos Santos. A briga iniciou com um bate-boca entre o policial e o representante da organização não governamental de apoio aos policiais Cláudio Vilaça. Ele contou que estava acompanhando a reunião ao lado da família da dona de casa, quando comentou sobre a conduta dos policiais acusados de tortura. "O tenente-coronel estava do meu lado e se sentiu ameaçado. Ele alterou a voz e disse que ia me pegar lá fora. O promotor, vendo a situação, decidiu dar voz de prisão." O promotor Spencer dos Santos alegou que o tenente- coronel teria desacatado um cidadão. Imediatamente a autoridade policial (Domingos Sávio) também deu voz de prisão ao promotor. A gravação feita pela rádio Inconfidência mostra o momento da discussão: "Você está preso por acabar de ameaçar um trabalhador", disse o promotor. "Você também está preso. Sua intenção é humilhar a polícia", respondeu o tenentecoronel. Ao conversar com a imprensa, o promotor disse que "ocorreu um crime" e a solução para o fato era a voz de prisão. "Havia uma flagrante ameaça e desacato", afirmou. Segundo Domingos Sávio, a ação do promotor significou uma ameaça e constrangeu a PM. "Mostrou a arrogância e prepotência do Ministério Público." O policial disse que não ameaçou o representante da ONG, apenas sugeriu que o assunto não era para ser discutido na reunião. Os dois foram ouvidos pela Polícia Civil e liberados.
Deputado diz que fato foi lamentável
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado estadual Durval Ângelo (PT), referendou a atitude do promotor Spencer dos Santos que mandou prender o tenente- coronel Domingos Sávio de Mendonça. Segundo ele, o acontecimento foi lamentável. “Não podemos permitir que um convidado, um cidadão comum, um coronel, qualquer pessoa, seja desrespeitada dentro da Assembléia. Eu mantive a voz de prisão do promotor porque entendo que houve sim desacato por parte do policial”, afirmou.
Na Assembléia, o presidente da Casa e os presidentes de cada comissão têm poder de dar voz de prisão. As duas corregedorias, da Polícia Militar e do Ministério Público, devem abrir inquérito para investigar se houve abuso de autoridade por parte dos envolvidos. Todos foram levados para a delegacia adjunta ao Juizado Especial Criminal Central, no bairro Coração Eucarístico. Na próxima semana, deve ser marcada uma audiência de conciliação. (PG)Publicado em: 13/07/2007