segunda-feira, 14 de maio de 2007
140 POLICIAIS JA FORAM MORTOS EM MINAS
Polícias acusam governo de maquiar situação em MG; segurança não é garantia nem para os próprios trabalhadores do setor
Desde o início do governo de Aécio Cunha (PSDB), em 2003, 140 policiais já foram assassinados. Lideranças dos policiais mineiros afirmaram que esse número mostra que a segurança no Estado, tida como vitrine de sua gestão, não é garantia nem para os próprios trabalhadores do setor.Os líderes apontaram que o governo estadual investe em aparelhagem da polícia, compra de grande quantidade de viaturas e, sobretudo, em marketing: “Mas esquece-se das pessoas”.“Temos um Estado virtual perfeito, mas quando as pessoas precisam dos serviços de saúde, de educação, de segurança, elas vêem que não é bem assim. Há uma maquiagem, que faz com que a população tenha uma visão equivocada a respeito da situação em Minas”, alertou o tenente-coronel da PM Domingos Sávio de Mendonça, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.Mendonça revelou que está crescendo entre os policiais mineiros uma consciência de que a polícia deve defender os cidadãos e não quem está no poder.O líder da associação informou que para a próxima quarta-feira, 16 de maio, às 15h, está previsto a realização do “panelaço”, na porta do Palácio da Liberdade, manifestação organizada pelas esposas e os aposentados das Polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros, em apoio ao movimento grevista da categoria.A greve foi deflagrada dia 02 de maio, conforme decisão da Assembléia Geral dos policiais, realizada dia 27 de abril. Até hoje o governo de Minas não se manifestou.As polícias lutam pelo reajuste imediato de 19,66%, além da implantação do subsídio como forma de salário.O governo propôs aos policiais mineiros reajuste salarial de 33,1% em três parcelas cumulativas, de 10% cada, a serem pagas nos meses de setembro de 2007, 2008 e 2009.Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol/MG), Antônio Marcos Pereira, o reajuste proposto pelo governo representou “um tapa na cara dos profissionais de segurança”. “Nós não vamos aceitar isso, pois trata-se de um desrespeito com a categoria policial. A revolta é geral em todo o Estado”, afirmou.“Reajuste indecente”O vice-presidente do Sindpol, Denílson Martins, lembrou que o governador tucano prometeu à categoria que se fosse reeleito iria colocar os salários das Polícias Civil e Militar entre os maiores do país. “Ninguém é obrigado a prometer. Mas a partir do momento em que um homem honesto e sério promete alguma coisa, ele tem que cumprir. A atitude de Aécio para com os policiais mostra a sua verdadeira personalidade e caráter. Definitivamente, não é um homem correto”, afirmou.O vice-presidente do Sindipol disse que o salário dos policiais mineiros está entre os quatro mais baixos do país. “E ainda vem o governador autorizar este reajuste indecente. O governo estadual não é um governo que honra a palavra”, frisou, acrescentando que “Minas é o Estado da Federação onde mais se maltrata o servidor público”.O presidente do Gabinete Integrado das Entidades de Classe das Forças de Segurança de Minas Gerais (Giforseg/MG) e do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Minas Gerais (Sindepo-MG), delegado Danilo Pereira, considerou as manifestações das entidades de classe democráticas e constitucionalmente legal.“Nós do Giforseg encontramos nos protestos públicos uma alternativa para mostrar ao governador a insatisfação das polícias do Estado em relação aos salários e atuais políticas de segurança. E repudiamos o tratamento desrespeitoso dado por Aécio Neves às polícias. Não existe política de valorização do profissional das Forças de Segurança em Minas”, declarou.Danilo disse também que o governador faz um marketing muito forte em torno da segurança pública, “ao mesmo tempo em que trata com indiferença os profissionais do setor”.Atualmente o piso salarial das Forças de Segurança de Minas Gerais é de R$ 1.333,90 e de acordo com a proposta de reajuste parcelado do governo, este valor passará para R$ 1.467,29 em outubro de 2007 e R$ 1.775,42 em outubro de 2009.Segundo informações levantadas pelo Gabinete Integrado, a Polícia Militar (PM) do Estado de Goiás recebe atualmente salário de R$ 2.711,00 e a Polícia Civil (PC) R$ 3.140,00. Em Brasília, a PM recebe R$ 2.617,00 e a PC R$ 6.500,00.“Mas não vamos nos calar e reivindicamos até o fim nosso direito de reajuste salarial imediato de 19,66%”, declarou o presidente do Giforseg.