domingo, 7 de fevereiro de 2010

Rio de Janeiro - Burocracia põe em risco operações policiais aéreas

Ministério da Defesa analisa há dois meses pedido de Cabral para autorizar armas restritas em helicópteros da polícia.

Ana Claudia Costa

Metralhadoras Minimi, com capacidade para efetuar 200 disparos em apenas 15 segundos, óculos de visão noturna e outros equipamentos, todos específicos para operações policiais com helicóptero e previstos nos planos da Secretaria de Segurança desde os Jogos Pan-Americanos de 2006, ficaram apenas na promessa. Um ofício do governador Sérgio Cabral enviado ao Ministério da Defesa, em novembro do ano passado, pedindo para que seja alterada a portaria número 23 do Exército — que permite apenas às Forças Armadas e à Polícia Federal o uso de determinados armamentos — ainda está sem resposta. Segundo o ministério, a solicitação está em análise.

O pedido de empréstimo de armas similares feito em outubro passado pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ao comando do Terceiro Comando Aéreo Regional (Comar), da Aeronáutica, também não teve retorno. Ambas reivindicações foram feitas dias após a queda do helicóptero da Polícia Militar, abatido por tiros em outubro durante um confronto com traficantes no Morros dos Macacos, em Vila Isabel. A Secretaria de Segurança também aguarda a chegada de dois helicópteros da FAB que não estão sendo mais usados. As aeronaves AF-55 seriam adaptadas para o trabalho das polícias Civil e Militar.

“Temos que trabalhar com precisão”, diz policial Policiais civis do Serviço Aéreo Policial (Saer), que enfrentam as armas de guerra do tráfico durante as operações, defendem o uso de alguns armamentos hoje restritos às forças federais. O piloto da Polícia Civil Adonis Lopes argumenta que a metralhadora Minimi (calibre .223), por exemplo, tem maior precisão e ajudaria a proteger os policiais que estão em operação em terra: — Não estamos aqui para executar ninguém. Temos que trabalhar com precisão até mesmo para nossa defesa. Vivemos uma situação de guerra, e as armas que possuímos não são específicas para operações policiais aéreas.



Segundo o piloto, as equipes da Polícia Civil usam hoje apenas fuzis calibres 7,62 e 5,56.

Mesmo em helicóptero blindado, alerta Adonis Lopes, os agentes ficam vulneráveis ao ataque dos traficantes que já dispõem de armas calibres .30 e .50, capazes de derrubar aeronaves e perfurar blindagens.



Para o subchefe operacional da Polícia Civil, delegado Carlos Oliveira, esse armamento restrito é essencial para os policiais, uma vez que os traficantes estão cada vez mais bem armados. Ele acredita que os pedidos do governo do estado serão atendidos.

— Existe uma legislação que precisa ser mudada e isso é uma questão entre governos estadual e federal — disse o delegado.

Há menos de dez dias, durante uma operação policial em Manguinhos, um helicóptero da Polícia Civil foi atingido por tiros na parte blindada e no esqui.

Há dois anos, traficantes do Morro da Mineira, no Catumbi, conseguiram alvejar o helicóptero e Adonis Lopes e seu copiloto foram feridos por estilhaços.

Outro caso aconteceu em novembro de 2007 durante uma operação nos morros do Alemão e do Adeus, em Ramos. O policial Eduardo Henrique de Matos, de 35 anos, que estava no helicóptero, foi morto com tiro de fuzil na cabeça disparado por um traficante.
Fonte: O Globo

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