Fabiano Atanásio teria proteção de exército armado em favela populosa. Após mais de 40 dias, investigadores avaliam riscos de uma ação no local.
O traficante Fabiano Atanázio da Silva, o "FB", transformou a Vila Cruzeiro, situada no conjunto de favelas da Penha, no subúrbio, na comunidade mais violenta do Rio, segundo avaliação da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).
De acordo com as investigações, o criminoso se refugiou na localidade com um verdadeiro exército desde que foi apontado como o líder da invasão ao Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, no dia 17 de outubro.
Durante o conflito, dez pessoas morreram, entre elas três tripulantes de um helicóptero da Polícia Militar que foi abatido a tiros por traficantes. Embora FB e sua quadrilha estejam sendo monitorados constantemente pela polícia, as ações na comunidade, com cerca de 50 mil habitantes, são dificultadas devido à topografia da favela, que favorece os criminosos.
“Estamos fazendo um trabalho minucioso de inteligência para prender esses bandidos. Mas, vamos agir no momento certo para minimizar os riscos para a população. Há três anos esse FB era apenas o gerente da maconha na favela, mas ganhou força com a sua truculência. A quadrilha da Penha é hoje a mais violenta do Rio”, afirma o delegado Marcus Vinícius Braga, titular da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).
Desde que passou a ser procurado, o Disque-Denúncia aumentou de R$ 2 mil para R$ 5 mil a recompensa por informações que levem à captura de FB. Já a Associação dos Ativos, Inativos e Pensionistas da PM está oferecendo R$ 10 mil e o Clube dos Cabos e Soldados do Rio, R$ 2 mil.
O traficante é considerado foragido da Justiça desde 2002 , quando conquistou o benefício do regime semiaberto e não voltou ao Instituto Penal Edgard Costa, no Centro de Niterói, onde cumpria pena.
Além de FB, o criminoso também é conhecido como Urubu, FM e Imperador. Segundo a polícia, ele faz parte do tráfico desde 2000. Nascido e criado na Cidade Alta, em Cordovil, no subúrbio, o criminoso já participou de várias tentativas de invasões a comunidades rivais.
De acordo com a polícia, ele possui 14 mandados de prisão expedidos e ainda responde a os processos na Justiça do Rio. Entre os crimes, ele é acusado de ter sequestrado um grupo de chineses, em agosto de 2008, e atacado policiais da Divisão de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), em novembro do ano passado, na favela de Manguinhos, em Bonsucesso.
O Disque-Denúncia já recebeu 280 telefonemas com informações sobre a localização de FB. Algumas denúncias apontam que ele e a namorada teriam usado esconderijos em Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana. O paradeiro do traficante nessas localidades chegou a ser investigado pelo Serviço Reservado da Polícia Militar.
Depois do ataque ao helicóptero, a polícia realizou várias operações e prendeu o traficante William da Cruz Silva, conhecido como Sabará, durante uma ação no Morro dos Macacos. Ele seria o gerente do tráfico de drogas na favela. Dois homens, suspeitos de participarem da tentativa de invasão na comunidade de Vila Isabel, também foram presos por policiais do 16º BPM (Olaria) na Cidade Alta, em Cordovil.
Dos três policiais militares que sobreviveram ao incêndio na aeronave, o estado de saúde que inspira mais cuidados é do cabo Anderson dos Santos. Ele está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Aeronáutica, na Ilha do Governador, se recuperando das queimaduras que sofreu pelo corpo.
Segundo a Polícia Militar, o piloto capitão Marcelo Vaz de Sousa está em casa se recuperando de uma cirurgia na mão. O co-piloto, capitão Marcelo Mendes, se recupera, também em casa, do ferimento no pé. Dos seis ocupantes do helicóptero, dois morreram carbonizados dentro da aeronave e o cabo Izo Gomes Patrício, que sofreu queimaduras severas em todo o corpo, morreu dois dias depois.
A tentativa de invasão ao Morro dos Macacos provocou ainda a morte de inocentes. Francisco Aílton Vieira, Leonardo Fernandes Paulino e Marcelo da Costa Ferreira Gomes foram assassinados por criminosos que os teriam confundidos com integrantes da quadrilha rival. Na época, eles foram apontados pela polícia como traficantes.
As famílias dos jovens, que recebem assistência jurídica da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, querem mover um processo contra o Estado e pedir indenização por danos morais e materiais.
“Estamos acompanhando tudo com muito cuidado, ouvindo testemunhas, para que os culpados sejam responsabilizados. Não vamos permitir que isso caia no esquecimento”, afirma a advogada Margarida Pressburger, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ.
Fonte: G1
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