A CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço agrário da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), acusou a Polícia Militar do Pará de praticar abusos contra trabalhadores rurais durante ações nas últimas semanas para procurar sem-terra suspeitos de depredações de propriedades e fechamento de estradas no Estado.
Segundo texto da CPT, assinado pelo coordenador da entidade no sul do Pará, frei Henri des Roziers, policiais agrediram e praticaram tortura psicológica, inclusive contra uma grávida. As tropas, afirmou ele, só tinham ordem de busca e apreensão para dois dos três acampamentos revistados.
Roziers diz que os lavradores foram ameaçados de morte e sofreram violência psicológica para identificar os procurados.
A grávida Neidiane Rodrigues Resplandes foi obrigada a caminhar meio quilômetro sob ofensas para revelar nomes e chegou a ter um sangramento, segundo o frade dominicano.
Os policiais foram acusados ainda de agir sob efeito de álcool, de usar cavalos para destruir plantações e de ameaçar de morte e agredir fisicamente o acampado Weston Gomes.
"A policia agiu com violência e arbitrariedade, extrapolando totalmente os limites da legalidade e ferindo a dignidade e os direitos humanos dos trabalhadores", escreveu Roziers.
Ele afirmou os trabalhadores rurais citados não podem dar entrevistas por estarem sem acesso a telefones.
A assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Pará negou e disse que cabe à CPT provar as acusações. Segundo o órgão, a entidade é livre para ir à Justiça contra o governo.
Três sem-terra foram presos por fechar estradas e depredar fazendas no sul do Pará no início do mês, entre as quais da Agropecuária Santa Bárbara, que tem como sócio o banqueiro Daniel Dantas. A propriedade da área é reivindicada pelo governo do Pará na Justiça.
Outros sete ainda estão foragidos, entre eles a líder nacional do MST Maria Raimundo César e o coordenador regional Charles Trocate. O movimento nega a autoria da depredação.
Fonte: Agência Folha
RODRIGO VIZEU
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
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