Sem adotar a cômoda posição de comparar a polícia alemã e a brasileira, o diretor da Academia de Polícia Alemã, Thomas Feltes (foto ao lado), foi o primeiro - e o mais comentado - palestrante desta terça-feira, no Seminário de Qualidade da Defesa Social, em Belo Horizonte. Um dos poucos especialistas internacionais do evento disposto a emitir opiniões sobre a situação da violência no Rio de Janeiro, Feltes criticou as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), criadas pelo Governo do Rio em comunidades como o Morro Santa Marta, em Botafogo, e a Favela do Batan, em Realengo:
- É uma ideia louca. Se a comunidade não quer, não pediu a presença dos policiais, não vai ter como a polícia entrar lá e mudar a opinião dela. O sucesso desse tipo de medida depende do desejo de mudar dos moradores das favelas.
Empunhando uma reportagem publicada em um jornal alemão, sobre o Morro Santa Marta, o alemão colocou em xeque o termo "pacificação", que batiza um dos principais projetos da Secretaria de Segurança do Rio. Os slides usados em sua apresentação mostravam uma foto da tropa de choque da PM e a frase "Polícia de Pacificação?".
Professor da Universidade de Ruhr, em Bochum, o professor falou durante cerca de uma hora sobre as diretrizes internacionais para o uso de armas pelas polícias. Ele lembrou que esteve há dez anos no Rio de Janeiro e visitou algumas favelas, acompanhando o coronel Ubritan Ângelo, e que, naquele momento, havia tido a sensação de que a violência no Rio diminuía. Perguntado sobre o emprego de armas de fogo pela polícia carioca, ele foi taxativo:
- A situação do Rio é violenta e não a polícia. Mude a situação que você mudará a polícia. Cabe aos políticos transformar a realidade social das pessoas nas favelas. Nem a polícia mais bem treinada do mundo conseguiria atuar lá, porque é uma realidade que não depende só da ação policial.
Feltes receitou também dois caminhos para que os governantes brasileiros consigam ter uma polícia melhor: aumentar os salários de todas as esferas de polícia e criar uma educação mais aprofundada, para restabelecer a legitimidade que a polícia tinha perante a população.
Fonte: Extra
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
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