27 policiais militares da 4ª Companhia do 2º Batalhão (Campos Sales) foram indiciados acusados de crimes de tortura, abuso de autoridade, peculato e prevaricação. Todos já foram afastados da cidade.
Nada menos que 27 policiais da 4ª Companhia do 2º Batalhão, sediada no município de Campos Sales, a 578 quilômetros de Fortaleza, foram indiciados em inquéritos acusados de crimes de tortura, abuso de autoridade, peculato e prevaricação. Entre eles estão um ex-comandante do quartel (major), um tenente, três subtenentes, três sargentos, um cabo e 18 soldados. Além dos PMs, 18 pessoas também foram indiciadas pelo delegado Rodrigues Júnior, da Assessoria Técnica da Superintendência da Policia Civil. O caso repercutiu junto ao Comando da Polícia Militar, mas o assessor de imprensa da corporação, major Marcos Costa, preferiu não falar sobre o assunto. O comandante do Comando de Policiamento do Interior (CPI), coronel Francisco Araújo, disse ao O POVO que ainda não tinha conhecimento oficial do caso e, por conta disso, não quis se pronunciar. O delegado Rodrigues Junior contou que o inquérito já foi enviado ao juiz da comarca de Campos Sales. O atual comandante da 4ª Companhia do 2º Batalhão da PM, major Marcos Nascimento, disse que os policiais indiciados foram afastados da cidade. O oficial não fez nenhum comentário sobre o caso, mesmo porque, segundo ele, desconhece o que foi apurado no inquérito instaurado e concluído pela Polícia Judiciária. O delegado Rodrigues Júnior afirmou que os fatos graves cometidos por PMs em Campos Sales chegaram ao conhecimento do secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Monteiro, que, por sua vez, acionou a superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, que o designou para apurar o caso. Rodrigues Júnior disse que oito inquéritos foram instaurados sobre o caso. --Há PMs indiciados envolvidos em mais de três inquéritos``, afirmou o delegado, acrescentando que o caso está em segredo de Justiça. Por conta disso, não informou os nomes dos PMs indiciados nem dos outros envolvidos. Rodrigues Junior disse que os PMs teriam torturado presos, inclusive adolescentes, e que um dos detidos teve os cabelos cortados a faca. O delegado afirmou ainda que um adolescente, testemunha de um dos crimes, foi morto depois de ter sido arrastado de sua residência por homens ocupantes de um Siena Preto. A morte do adolescente, conforme Rodrigues Junior, ocorreu depois da conclusão dos inquéritos. -``Os abusos cometidos por PMs estavam deixando apavorada a população de Campos Sales``, disse o delegado, acentuando que as denúncias começaram em abril, um mês antes da instauração dos inquéritos. Ele disseque os PMs foram ouvidos na Superintendência da Polícia Civil. SINDICÂNCIA > Em abril último, devido às denúncias de moradores de Campos Sales, uma sindicância foi aberta na Corregedoria das Polícias contra um ex-comandante da 4ª Companhia do Batalhão da PM. CORREGEDORIA > O corregedor Armando Costa concluiu a sindicância em 20 dias e comunicou o caso à Regional da Corregedoria em Juazeiro do Norte. > A sindicância apurou que foram 11 casos graves, na época, cometidos por PMs num período de pouco mais de três meses. DEPOIMENTOS > Os depoimentos das vitimas foram gravados em CDs e entregues ao Ministério Público Estadual, que acionou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Dias depois, o secretário Roberto Monteiro exonerou o então comandante.
Fonte: O Povo online
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