terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ofensiva contra corrupção será ainda maior em 2010, diz Tarso

Depois do escândalo do "mensalão do DEM" no Distrito Federal revelado pela Operação Caixa de Pandora, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem que o combate à corrupção será aprofundado em 2010, como política estratégica de Estado. "Podem estar certos de que, independentemente de 2010 ser um ano eleitoral, esse trabalho vai continuar cada vez mais profundo e cada vez mais responsável", disse. Segundo ele, a Polícia Federal está tecnicamente mais aparelhada e tem o respeito cada vez maior da sociedade para essa tarefa. Tarso deu a declaração após apresentar o balanço das atividades da PF em 2009, quando comentou o inquérito que investiga o esquema de propinas no governo do Distrito Federal, que seria comandado pelo governador José Roberto Arruda (sem partido). "Estamos satisfeitos com todo o trabalho contra a corrupção que a PF vem fazendo no País", afirmou. Em 2009, conforme o balanço da PF, foram realizadas 281 operações especiais em todo o País (20% a mais do que no ano anterior), dedicadas ao combate à corrupção, lavagem de dinheiro, narcotráfico e crimes ambientais. Das 4.534 prisões realizadas no ano, 75% foram na modalidade preventiva, que exige maior qualidade da prova produzida. "Isso demonstra o aperfeiçoamento técnico da PF." O fortalecimento da corregedoria, com foco na agilidade e na qualidade das investigações, permitiu que a média de inquéritos relatados no mesmo ano, que era de 65%, subisse para 94% em 2009. Segundo o diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Corrêa, a ênfase ao combate à corrupção não prejudicará outras prioridades da PF, como o combate ao narcotráfico e aos crimes ambientais.Tarso reconheceu, porém, o aumento da sensação na sociedade de que a corrupção vem crescendo. Mas atribui isso à ação mais efetiva no combate aos crimes do colarinho-branco. O ministro acusou os governos anteriores de omissão nesse tema. "Essa sensação ocorre também porque, por muito tempo, a corrupção esteve debaixo do tapete, não aparecia", argumentou. "Quanto mais a corrupção é combatida, mais ela aparece. Isso é bom para o País, para as pessoas honestas, para o Estado e para toda a sociedade." O ministro não quis tirar conclusões sobre a descoberta, noticiada pelo Estado no domingo, de que parte do dinheiro encontrado em busca da PF na residência oficial de Arruda pertenceria a um mesmo lote de notas, com números de série em sequência, arrecadado com empresários que pagavam pedágio pelos negócios mantidos no governo do Distrito Federal. "Não faço juízo de valor sobre a natureza de provas colhidas, o inquérito ainda está em andamento." Segundo Tarso, é inegável a melhoria da qualidade das provas produzidas pela PF, o que aumenta a certeza de punição. "O que tem ocorrido, não só nesta como em todas operações de combate à corrupção, é uma qualidade cada vez maior no inquérito e uma definição maior de responsabilidades, o que pode ser medido pela quantidade de prisões preventivas autorizadas pelo Judiciário."
Fonte: Estadão

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