domingo, 7 de agosto de 2011

Acredite esse é o poder das Redes Sociais

Ex-PM preso por homicídio atualiza perfil no Facebook e fala ao celular no presídio


Raleigh Machado Dias. Nasceu em 20 de junho de 1977. Mora em Campos, Rio de Janeiro, Brasil. Religião: Espírita. Interessam-me: Mulheres. Status de relacionamento: Solteiro.

Essas poderiam ser informações de uma página normal da rede social Facebook. Raro, aqui, é o fato de o dono do perfil ser um ex-policial militar acusado de matar três pessoas em Campos, no Norte Fluminense. E pelo menos um dado não confere: a atual moradia de Raleigh é o presídio Ary Franco, em Água Santa, no Rio, onde está preso desde 2009. Dali, ele vem mantendo contato com o mundo pela internet sem ser importunado.

Criado em 22 de julho, o perfil exibia, até a última sexta-feira, 282 amigos na lista de Raleigh. Em duas semanas, o preso postou dezenas de mensagens contando sua rotina na cadeia. "Começou a novela das seis. Fui! Isso é tão sério quanto jogo do Flamengo!", escreveu na última quarta-feira, sendo respondido por sete amigos. "Que todos tenhamos uma ótima noite de desanço!", desejou na noite do dia 27. Menos de 24 horas depois, postou: "o trem bala vermelho e preto vai partir p(ara) o campo!".

Nos últimos dias, Raleigh tem mostrado esperança de ser absolvido no julgamento, marcado para o próximo dia 25 na 3 Vara Criminal de Niterói. Apontado como réu na chacina de três estudantes numa república, em 18 de fevereiro de 2009, Raleigh teve, a pedido do Ministério Público, o julgamento transferido de Campos para Niterói, por "praticar crimes típicos de atividades de grupos de extermínio, juntamente com outros milicianos, além do fato de estar ligado a influente grupo político da Comarca", segundo o pedido de desaforamento feito pelo MP.

Promotor: ‘Um dos assassinos mais perigosos de Campos’

Raleigh foi aprovado no concurso para a PM em 2001. Quatro anos depois, durante a Operação Petisco I, da Polícia Federal, houve denúncias de seu envolvimento com traficantes de Campos. O promotor Bruno Gaspar, do Tribunal do Júri da cidade e membro do Grupo de Combate ao Crime Organizado, conta que, na época, a PF suspeitava que o ex-PM atuava avisando criminosos sobre operações policiais em favelas.

Por falta de provas, Raleigh foi absolvido no julgamento, mas acabou expulso da PM por "irregularidades", segundo informa a corporação. Daí em diante, passou a fazer segurança para políticos influentes da região.

O ex-PM respondeu por duas tentativas de homicídio — foi absolvido em uma e impronunciado em outra — e foi condenado por porte de arma, em 2009. No mesmo ano foi preso acusado de matar os três estudantes, no Centro do município. Edilberto Siqueira Batista Júnior, acusado da co-autoria, chegou a confessar o crime e revelar o envolvimento de Raleigh.

Segundo a denúncia do Ministério Público, as vítimas foram assassinadas porque "um casal de tios de Edilberto (...) se sentia incomodado (...) de festas e uso de entorpecentes na casa onde estavam".

— Ele (Raleigh) é um dos assassinos mais perigosos de Campos, embora ainda não tenha sido condenado por homicídio — afirma Bruno Gaspar.

De acordo com o promotor, o Ministério Público ainda apura se Raleigh e Edilberto fazem parte de um grupo de extermínio.

Fonte: Extra Globo

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