Policiamento: Apesar da presença de policiais militares nas ruas, população vive em constante sensação de insegurança, aponta estudo da Nexus.
O medo é comum a todos, independentemente da classe social. O que contribui para diferenciar o grau deste sentimento são os recursos utilizados para se defender. Enquanto os mais ricos contam com empresas privadas de segurança, condomínios fechados, câmeras e carros blindados, aos pobres só restam os serviços públicos. A experiência é inesquecível. E só quem já se sentiu acuado e sem reações diante de um assalto pode descrever com detalhes o momento. O irônico é que a sensação de insegurança não se restringe aos que já passaram pela situação. O sentimento de não estar protegido parece ter tomado conta da população. É o que comprova uma pesquisa realizada pelo Instituto Nexus de Belo Horizonte contratada pelo CORREIO de Uberlândia. No estudo, 56,80% dos uberlandenses apontam a segurança pública/violência como o principal problema da cidade atualmente. Em seguida, vem o desemprego e a falta de oportunidades com 19,20%, saúde com 10,10% e a educação com 2,50%. As entrevistas foram feitas entre os dias 17 e 19 de junho. O foco foram as classes sociais B2, C e D, que representam 85% da população do Município. Ou seja, algo em torno de 515 mil habitantes diante de um universo de 600 mil, conforme estatísticas do IBGE. O inusitado da pesquisa é que justamente a parcela da população que mais necessita dos serviços oferecidos pelo Estado está se preocupando menos com a saúde e a educação pública. Passaram a se importar antes de tudo com a violência. "Convivemos com a insegurança todos os dias. As pessoas dormem com medo de ter a casa invadida e saem nas ruas com medo dos assaltos. O sentimento se internalizou e passou a fazer parte da vida", analisa Eduardo Nunes Guimarães, pró-reitor de pesquisa e graduação da UFU e coordenador do Centro de Referência em Estudo e Pesquisa em Violência e Segurança Pública. O medo é comum a todos, independentemente da classe social. O que contribui para diferenciar o grau deste sentimento são os recursos utilizados para se defender. Enquanto os mais ricos contam com empresas privadas de segurança, condomínios fechados, câmeras e carros blindados, aos pobres só restam os serviços públicos. "E por isso eles merecem mais atenção", afirmou o professor de Sociologia da UFU, João Marcos Alem. Segundo o pesquisador, as classes mais baixas não deixaram de se preocupar com saúde e educação. "Se pedirmos para eles compararem o que é que causa maior impacto na vida deles escolhendo entre a falta de casa, emprego ou falta de segurança, a resposta poderia ser diferente. Imagina uma pessoa desempregada há dois anos? Ela não tem medo de nada, vai para as ruas procurar emprego de qualquer maneira", explicou.O resultado da pesquisa do CORREIO coincide perfeitamente com a afirmação do professor João Marcos. Ao avaliar a pergunta "qual a maior preocupação da sua vida" por classe social, os percentuais confirmam que a população da classe D está menos preocupada com a segurança e mais incomodada com o futuro dos filhos, com o desemprego e com a situação financeira quando comparada com a classe B2. Ambas mantêm a segurança no topo das preocupações, mas em graus diferentes.
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