domingo, 20 de dezembro de 2009

São Paulo - Preso em 2006, delegado Di Rissio é demitido

Ex-presidente de associação de policiais foi acusado de participar de fraudes em Viracopos

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), determinou a demissão a bem do serviço público do delegado André Di Rissio. O despacho foi publicado ontem no Diário Oficial. Ex-presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), Di Rissio foi preso em junho de 2006 pela Operação 14 Bis da Polícia Federal, sob acusação de integrar um esquema de liberação fraudulenta de contrabando no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. Em cinco meses, ele teve contra si três mandados de prisão, dois expedidos pela Justiça Federal e outro pela estadual.

À época, a Corregedoria da Polícia Civil instaurou procedimento administrativo para apurar a conduta funcional do delegado. Neste ano, um dos conselheiros da Polícia Civil havia votado pelo sobrestamento do feito - suspensão até decisão judicial dos casos em que Di Rissio é réu. Entretanto, o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, discordou da posição do conselheiro, elaborou um parecer e encaminhou o processo ao governador.

No processo administrativo, Di Rissio teve o apoio de autoridades do Legislativo e do Judiciário paulista em sua defesa. Entre as 29 testemunhas que prestaram depoimento a seu favor estão os deputados estaduais Orlando Morando (PSDB) e Campos Machado (PTB), além do deputado federal Régis de Oliveira (PSC-SP), vice-prefeito de São Paulo na gestão Celso Pitta (1997-2000). Seis desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) também depuseram a favor de Di Rissio. Um deles disse acreditar que as acusações feitas contra o delegado eram motivadas pela atuação dele na defesa dos interesses da Polícia Civil.

Afastado de suas funções desde a primeiro prisão, o delegado protagonizou em setembro de 2007 um episódio embaraçoso na cúpula da segurança pública. Foi aprovado em primeiro lugar em concurso aberto pela Academia de Polícia Civil para o cargo de professor de Inquérito Policial. No dia seguinte, Serra veio a público para explicar que a aprovação de Di Rissio havia sido um erro de publicação no Diário Oficial.

Além da investigação conduzida pela PF, o delegado também foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por formação de quadrilha, corrupção, advocacia administrativa (defender o interesse de investigados) e por dez casos de escuta clandestina - ele seria dono de uma empresa de segurança, a Spycops, acusada de ter grampeado ilegalmente empresários, políticos e até um desembargador. Di Rissio sempre negou as acusações.


Fonte: Estadão

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